sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Brincava nos trilhos do trem como se fossem cordas suspensas.Seus pés, pequenos e pálidos,um logo atrás do calcanhar do outro, iam desenhando a linha imaginária que separava o real do inventado. Reais as pedrinhas que faiscavam quando o trem passava com seus vagões infindáveis. Na solidão que enchia a cena, cada vagão levava um sonho. Um vagão para cada lugar do mundo, ou para qualquer lugar. Onde houvesse um trem que carregasse alegria, iria.

Na sua parada em cada estação não comprava bilhete de volta. Sua viagem era interminável, assim como os vagões do trem de todo dia.
E nessa estrada de ferro, era sempre acordada por uma buzina que queimava os ouvidos; mas o que mais queimava eram as lágrimas causadas pelo despertar de tão fantástica viagem ao mundo das delícias que inventava. Neste mundo criado à perfeição não havia solidão, medo, silencio, barulho; havia apenas vida, uma vida num contexto de amor talhada por seus olhos fitando o trem que sumia distante...

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