As palavras pontiagudas entram fazendo estardalhaço nas células do ouvido, estilhaçando todo e qualquer sentimento à sua volta. Não,não é suicídio, é crime de ódio.
No suicídio a alma fenece e descansa. No ódio segue erosada.
E na sequência das horas, na escuridão ou na clareza dos dias, está sempre o medo remetendo ao que passou ou ao que virá. Tanto faz; ele sempre esteve e sempre vai estar armado até os dentes, apontando sua arma que dispara discórdia, solidão, pecados que não terão perdão.
Constrói-se a vida mesmo assim, em torno das pedras que batem à janela, ameaçando jogar os cacos de vidro na cortina com a qual se protege os tesouros.
Não há tempo para fugir, nem portas por onde sair. É preciso arranhar a pele com as unhas pra se sentir forte diante do perigo que mata o sonho.
Não há caminho de volta, nem para onde ir; é pela contra mão que o terror entra, atingindo de frente todos em seu caminho. As lembranças a carregar serão aquelas que cada um escolher.
As verdades não virão à tona, nem os disfarces que se criou para sobreviver em meio à tempestade. As ondas gigantes que inundaram a casa e trouxeram o tsunami voltam sempre, às vezes disfarçadas, mas são sempre as mesmas, fazendo da história um permanente funeral de afogados.
-fls-
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