Havia tanto abandono em seu caminho que as permanências lhe enchiam de medo. Seu solo não estava preparado para tantas raízes.
À noite seus pesadelos eram sempre sobre os que se foram.
E seus olhos passavam o dia procurando a quem seduzir, pilares fixos pra encostar seu vazio. Acabara por gostar dessa busca, um frênesi que girava a corda do seu espírito fatídico.
Sabia de alguma forma que tudo que amasse perderia. E amava pra perder. Perder era a receita pra uma nova busca. E amava andar sobre cordas-bambas por arrebentar, sobre fios frágeis prestes a lhe derrubar.
Cair era o álibi pra se reerguer, sempre, e tão periodicamente que virasse rotina, que a mantivesse viva.
A vida estava numa rotina de sevícia para a alma.
-fls-
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