segunda-feira, 31 de agosto de 2015









Há neblina nas ruas frias da noite. Respiro o ar do chão em que acomoda suas raízes. Sou estrangeira pedindo abrigo; não me acolhes.


Abro os braços mas só me abraça a solidão que as horas trazem. 

A cidade é um parque com um imenso carrossel girando com almas vazias, soturnas.

Subo na roda, gigante; páro bem perto das nuvens, e trêmula jogo meu sorriso e meu medo

pra cima de ti; foges pro trem fantasma e viro poeira no teu pensamento.

- fls-

segunda-feira, 10 de agosto de 2015







nosso amor no infinitivo
eu, gerúndio
você, particípio
nosso amor
pretérito imperfeito,
mais que perfeito
-fls-






morreu por sufocação
esperando de peito aberto
pelo ar daquela graça
-fls-


ele tinha os olhos compridos. namorava as possibilidades deixando à mercê o preciso.
muitos sonhos na cabeça, andava leve com seu corpo pequeno e magro; levitava.
à sua volta, medo: constante e perturbador envolto em silêncio.
ela tinha o olhar disperso. capturava as imagens e os fatos dos dias com melancolia: desejava! desejava encontrá-lo nos outros que passavam .
ele desistiu, saiu sem dizer adeus e deixou o chão lameado de sangue e culpa.
acusou sua dor sem dó nem piedade aos que ficaram.
ela jogou terra em sua face, no fundo daquela funda cova cavada com ausências.
e dentro de si abriu-se um enorme espaço vazio que nenhum abraço jamais conseguiria fechar.
-fls-