sábado, 19 de abril de 2014

Na sexta somos santos
água benta, louvando o Criador
nos outros dias terra seca
marionetes de Satã
escravos da foice e do dinheiro, talismãs
que nos condenam

ao terror

-fls-
Em paralelas, lado a lado
Viajamos; meu mundo, teu mundo

Cruzamos na esquina
DE-SA-LI-NHA-DOS
As linhas do teu corpo
Marcando as linhas rugosas
Da minha face

Foges
Te pego numa transversal
Diagonalmente me sorris

Atravesso teu gozo torto
E deito-me em linha reta
Bem embaixo de ti

-fls-
sirvo-te as sementes da romã
espremo contra o céu da tua boca
sorvo tua doce saliva pagã
deslizo numa viagem delirante e louca
envolvida nas pedras de rubi
ao lado oculto/pecado de ti

-fls-

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Se te lembrares 
Por  favor, esqueces
Das horas noturnas
Inundadas de lascívia
Pedidos, promessas, quase preces


Esqueces
Que louvei teus pêlos
Teus montes, teu sumo
Engoli teus olhos
Orando, de joelhos

Parto, levo  comigo tuas hipóteses
De cegueira ou de olhares
Deixo-te meu atormentado amor
Mas, por favor, esqueces
Se de mim te lembrares


-fls-

quinta-feira, 3 de abril de 2014

O amor não diz adeus

   

Os fios frágeis dos cabelos de Manoela
dançavam como plumas beijando o solo
folhas finas prateadas de odor manjericão

do topo da árvore caindo ao chão
Manoela esteve tão bonita
com olhos redondos e laço de fita
"negrinha faceira" ela se dizia
muito mais que isso, ela não sabia
seus encantos a tantos seduzia
Tão apaixonada Manoela
por Luis, Antonio, Aparecido e Anísio
que enlevada com seus amores
nem ligou para a dor
se instalando mais forte que ela
Manoela, menina pequena, singela
guerreira, foi devagar vencendo
os fios fortes e cortantes da vida
Vai Manú, vai minha querida
eu não choro sua partida
hoje eu choro sua lida.


-fls-